Vim a Tua casa, mesmo sabendo que já cá não estás.
Voltei ao lugar de infância, às bonecas e aos livros dos primeiros rabiscos,
Voltei ao lugar onde brincámos na vida real de ser feliz.
Hoje procurei por Ti por entre as teias de aranha que embelezam as portas,
Procurei por Ti na mala dos brinquedos, nas gavetas fechadas, nas fotografias a preto e branco.
Procurei por Ti por entre as rachadelas da madeira dos móveis, o teu cheiro na roupa que não estava, no roupeiro vazio.
Procurei a Tua presença no lugar de sempre coberto pelo pó, no qual me sentei esperando, como em tantos outros dias, ouvir o assobio da tua chegada.
E chegaste escorregando-me em lágrimas pela face,
Chegaste com a tua presença tão Tua, ouço os teus passos pelas tábuas que fazem ranger o corredor, e vens, segurando contigo a minha mão de criança.
Vejo-vos aos dois, como se os anos não tivessem passado,
Como se o passado não se contasse pelos anos.
Ouço as vossas conversas a dar Vida à casa vazia,
Retenho no coração as palavras que foram dando vida à minha Vida,
Tu e Eu sentaram-se ao meu Lado e nos vossos Olhos vi o brilho do Amor e da Admiração, vi a leveza com que misturavam a dele e a tua vida, conteúdos sem idade, sem que os anos que vos separavam, separassem na realidade.
O passado o presente, o Tempo das Gentes, o rumo a seguir, para dar o próximo passo em frente. Pessoas de outro tempo, fora do seu Tempo, contando para a Gente, histórias de antigamente.
E hoje vim-te ver, hoje aqui “partida”, numa pausa da Vida, tinha todo o Tempo para Ti.
Hoje, hoje, meu velhinho, senta-te aqui comigo por um bocadinho, que eu vim para te ver.
Olha para mim, abraça-me, agarra-me de novo a Mão, dá-me força ao Coração e conversa comigo, ajuda-me a juntar os pedaços, a arregaçar os braços, a acelerar o passo… …guardo as fotografias, fecho as gavetas, bato a Porta e volto a guardar-te Comigo.
Já estou a ir…
Levo comigo essa Chave,
Guardada, com carinho, numa caixinha ao longo dos Tempos,
Vou voltar, vou abrir essa porta devagarinho
Vou espreitar a Saudade,
Vou recordar o Passado longínquo,
Vou percorrer os mesmos caminhos
Vou… mas já volto,
Porque é no presente que a vida “vai indo”…
“Na superfície do azul brilhante do céu, tentando a custo manter as asas numa dolorosa curva, Fernão Capelo Gaivota levanta o bico a trinta metros de altura.
E voa…
Voar é muito importante,
tão ou mais importante que viver,
que comer,
(pelo menos para Fernão), uma gaivota que pensa e sente o sabor do infinito.
E verdade, que é caro pensar diferentemente do resto do bando,
passar dias inteiros só voando,
só aprendendo a voar,
longe do comum dos mortais
(estes que se contentam com o que são, na pobreza das limitações).
.
Para Fernão é diferente,
evoluir é necessário,
a VIDA é o desconhecido e o desconhecível.
Afinal uma gaivota que se preza tem de viver o brilho das estrelas, analisar de perto o paraíso,respirar ares mais leves e mais afáveis.
VIVER é conquistar, não limitar o ilimitável. Sempre haverá o que aprender. Sempre.”
Todas as conversas em que se “apregoa” o chavão do “SUPERIOR INTERESSE DA CRIANÇA” fazem-me cócegas aos nervos e mau estar no estômago!!!!
Desta vez a discussão que se tem gerado é sobre a coadoção de Crianças por casais do mesmo sexo, o tal diploma que lá foi aprovado (na generalidade), muito à justa, pelos deputados, após uma acérrima discussão na Assembleia da República e que se tem alargado aos debates televisivos, a conversas de café com amigos e a discussões caseiras.
O que diz a Lei: Segundo o artigo 1979.º do Código Civil, “podem adotar plenamente duas pessoas casadas há mais de 4 anos, se ambas tiverem mais de 25 anos e pessoas singulares que tenham mais de 30 anos. As pessoas singulares podem adotar o filho do cônjuge, se tiverem “mais de 25 anos”.
Qual é questão :Poderão os homossexuais co-adotar os filhos adotivos ou biológicos da pessoa com quem estão casados ou com quem vivem em união de facto??
Mas há pessoas (Heteros e Gays) que ficam incrédulos com a estupidez da pergunta. Ora ou, bastam 2 dedos de testa para interpretar as Leis (o Código Civil, os Direitos, Liberdades e Garantias enunciados na Constituição da República Portuguesa e umas quantas Leis Internacionais), em que pessoas são duhh… PESSOAS – seres racionais e conscientes de si mesmo, com identidade própria ou então os homossexuais não são pessoas!!!
E então assim rola esta discussão em Portugal,… e lá vamos perdendo tempo em debates, onde os “inteletuais” do contra mandam umas “postas de pescada para o ar” assadas no “forno quente” das suas convições pessoais (porque são pessoas) cobertas com molho de cebola de preconceitos, que deixa mau hálito na boca e nos ouvidos. Depois, depois vomitam as opiniões pessoais (porque continuam a ser pessoas) mastigadas e mais que mastigadas, deterioradas pelo tempo, querendo convencer as pessoas de que as suas gastrites / úlceras gástricas são verdades absolutas para uma perfeita vida sã…
Argumentos de pessoas inteligentes: “Um filho de um casal de Gays tem 99% de probabilidades de também ser gay…” (Então e se for uma filha????)
“A orientação sexual das crianças é fortemente influenciada pelos modelos parentais, logo ao ficarem desvirtualizados os papeis “masculino vS feminino”, “pai vS mãe”, a criança assume-se naquilo que nem era da sua natureza, mas pelo que vê em casa” (Então e os homossexuais, não são filhos de casais hetero?)
“Se uma criança tiver 2 mães, não tem a quem dar a prenda no dia do Pai e a falta dessa figura parental provoca inquestionavelmente distúrbios e traumas na criança”.
Realmente estes e outros argumentos, são argumentos de “peso” (ou de falta dele!!!), verdadeiros dados estatísticos que estão incondicional e indiscutivelmente correlacionados com a Taxa de Obesidade em Portugal, uma das mais altas na Europal! (Tem tudo a ver…)
Enquanto em Portugal continuam a existir pessoas com excesso de gordura no cérebro, em outros países há pessoas – investigadores, pedopsiquiatras, psicólogos, pedagogos a estudar o assunto, há ESTUDOS reais e longitudinais, há dados concretos, há estatísticas….(Conforme reforça a pessoa Mário Cordeiro, pediatra no vídeo).
Para mim, como profissional – que fiz retiradas de crianças (filhos de casais heterossexuais, que eram negligenciadas, violadas, abusadas, desvalorizadas… por estes modelos parentais) – e como pessoa, revolta-me esta hipocrisia, revolta-me que estes miúdos passem anos das suas Vidas institucionalizados (sendo, mais uma vez vítimas de um sistema que não os protege), quando podiam ser acolhidos numa casa, numa família de pessoas que se amam e se tratam bem.
Em vez de se discutir a questão dos casais do mesmo sexo poderem ou não (co) adotar crianças, deveria-se sim, discutir se as pessoas (Heteros ou Gays) interessadas TÊM (ou não) CONDIÇÕES para acolher uma criança ou para a coadotar.
O que interessa é que a Criança seja AMADA, seja feliz, seja apoiada…
As crianças só se sentirão “diferentes”, “marginalizadas”, “vítimas de bulying” se existirem outros pais que sirvam à mesa o prato do preconceito para os filhos, estes mesmos que também podem ser alvo de “chacota” pelos colegas por serem obesos, usarem óculos, serem feios, não terem aproveitamento escolar, terem borbulhas, não terem as calças de ganga ou o telemóvel da moda.
Os exemplos são os pais, os tios, os avós, os amigos… a família, as outras famílias, os vizinhos, as PESSOAS… Os (bons e maus) exemplos vêm da Sociedade!!!
Neste primeiro fim-de-semana de Junho decidimos aproveitar o Sol e explorar o Norte do País (Trás-os-Montes e Alto Douro) e encantamos-nos com as paisagens, os monumentos, a gastronomia e a simpatia.
Em Portugal é tão simples conciliamos-nos com a Natureza: o Azul do céu, o Azul do Rio Douro, o Verde da Paisagem, o Castanho da Terra e das casas rústicas e deliciarmos-nos com os sabores do seu fumeiro: alheira, chouriço, presunto, bôla de carne.
Amarante, S. Torcato (Guimarães), Pedras Salgadas / Vimioso / Carvalhelhos, Chaves, Vinhais, Parque Natural de Montesinho, Rio de Onor, Puebla de Sanabria (Espanha), Bragança, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Pocinho, Vila Nova de Foz Côa, Celorico da Beira, Gouveia e terminámos em Seia.
3 dias, cerca de 700 km, muitos deles por estradas nacionais, curva após curva, onde nos cruzávamos com nomes engraçados de aldeias (com os quais íamos fazendo trocadilhos divertidos) e com pessoas simpáticas e acolhedoras que, com o seu sotaque transmontano, nos contavam histórias de culto e tradições.
Rota dos Sabores, do Sotaque, do Vinho do Porto e da Água 😀
Por vezes, parece que é quase impossível escapar-se a certas coisas ou deixá-las escapar…
O Vazio é o que constitui quase todo o Universo, até mesmo a maioria das coisas. Mesmo os átomos do nosso corpo são maioritariamente compostos de espaços vazios.
Para dar a volta a isso os Seres Humanos usam o Coração, recorrem aos Sentimentos, transcendem-se para transcender os seus SENTIDOS, para compreender os seus mistérios, os da Vida e até mesmo os do Universo.
O Vazio encerra os segredos mais profundos da natureza e o “porquê” de existirmos…
E se fisicamente é verdade que existimos a partir do Nada, emocionalmente também é verdade que o Amor nos enche de Tudo!…
No Amor,
a acomodação é, assim,
a maior inimiga da Conquista, a que depressa transforma o Tudo
num VAZIO, num VÁCUO ou SIMPLESMENTE num NADA…
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No Amor não é fácil começar nem acabar,
o mais difícil é MANTER…
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É conquistar e reconquistarincessantemente a mesma pessoa,
É encher e esvaziar os espaços Vazios, os “saquinhos” das chatices e dos afetos,
É não dar o Tudo como dado adquirido, ou como perdido,
É ser mais que “feijão com arroz” e “arroz com feijão”,
É lutar contra o Vácuo, a acomodação, de só se (vi)Ver na rotina dos dias…
Transformar o Nada em Tudo e mantê-lo, sem meias Medidas, sem Tempos, nem Espaços,
É ir mais além no AMOR, além, além… É embarcar numa viagem, sem sentido, pelos Sentidos em que se leva consigo a pessoa amada.
Aproximava-se a hora do fecho. Os poucos visitantes concentravam-se na ala central, mais iluminada; as partes laterais pareciam ter adormecido na suave penumbra que as envolvia, e que o atraiu de imediato.
Queria ler,
pensar,
entender o caos que fervilhava no cenário da sua mente,
atravessado por perguntas para as quais não tinha resposta.
É que todas as respostas encontradas já não serviam,
pois as perguntas estavam sempre a mudar,
o que o fazia sentir-se confuso e inseguro.
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Percorreu vagarosamente as filas laterais, tacteando com delicadeza as lombadas dos livros, como que tocando uma música silenciosa de prece. Eis que um livro se insinuou sob os seus dedos; retirou-o e olhou-o: “Cartas a um jovem poeta”, de Rainer Maria Rilke. Abriu-o. O seu olhar conseguiu extrair da meia-luz uma frase que o fez estremecer:
“Quero implorar-lhe que seja paciente com tudo o que não está resolvido no seu coração e que tente amar as perguntas como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira.
Não busque por enquantorespostas que não lhe podem ser dadas,
porque não as poderia viver.
Pois trata-se precisamente de viver tudo.
Viva por enquanto as perguntas.
Talvez depois, aos poucos, sem que o perceba,
num dia longínquo,
consiga viver a resposta.”
A voz do bibliotecário a anunciar o fecho fê-lo regressar à biblioteca. Devolveu o livro ao seu lugar e abandonou as alas obscuras, sentindo que um clarão o invadira:
“Ainda pior que a convicção do não, e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase passou ainda estuda,
quem quase morreu ainda está vivo,
quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom Dia” quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima,
o amor enlouquece,
o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à duvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão;
Para os fracassos, chance;
Para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que sonhando, fazendo que planeando, vivendo que esperando porque embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.”
Cheguei… Cheguei apenas na Metade do que Sou!
E até já falei com os meus vizinhos, já me meti com uma criança na rua, espalhei “bons dias” pelos desconhecidos e abracei os Amigos…
Mas… não me completei!!!
O meu corpo já trabalha, já se envolve, lentamente, no frio de uma rotina, na chuva do trabalho, no nevoeiro das notícias que absorvem e deprimem…
Mas… mas a minha mente, essa continua por LÁ, esvoaça com este pó vermelho da terra, confunde-se com as cores do pôr do sol e envolve-se com as gentes recebendo em moeda de troca, Sorrisos & Abraços.
Está-me a custa TANTO voltar…
Está-me a custar deixar de “sentir”… para raciocinar, pensar, deduzir, prever… precaver…
Está-me a custar deixar de Voar, de Escrever, de Ajudar, de ABRAÇAR….
Está-me a custar trabalhar, falar, dormir…
Está-me a custar deixar de ser útil e pessoa, para ser máquina funcional…
Está-me a custar ter Horas, relógios, Dias, despertadores, telefones, agendas, números e marcações…
Está-me a custar deixar o PÓ assentar…
África marcou-me, não apenas nas marcas do corpo,
…não apenas no bronze da pele, que escondo do frio… marcou-me a ALMA…
Talvez faça Essa Tatuagem.
Talvez escreva Esse Livro,
Talvez TE vá buscar…
Talvez ME recupere… …sentimental(MENTE)
Já estou nas despedidas, tenho que voltar a “casa”.
Parece-me erróneo dizer que volto à vida “real” na medida em que tudo o que vivi neste mês foi-me tão, mas tão real, que, para mim, a vida real não podia ser mais do que isto… REAL pelo que sinto, pela entrega e simpatia das pessoas, pelos cheiros, pelo pó da terra vermelha, pelo calor, pela falta de luz e de água, pela alegria, pelo nascimento, pela doença, pela morte… Vivi tudo isto da forma mais “real” possível,
por isso levo comigo, muito mais do que o que trouxe e do que o que dei!!
Assim, deveria antes dizer que vou voltar para a vida “fictícia”, pois as pessoas que se cruzam, não se cumprimentam, não sorriem, conhecessem-se, mas não se conhecessem, falam-se e deixam de se falar. Deixamos de ser quem somos pela modernidade e consumismo do que temos, deixamos de ser quem somos pela asfixia do que a crise, governo, o raio que os parta, nos tira e nos faz nós… outros seres!!
Eu própria não conheço os meus vizinhos e apenas troquei uns tímidos “Olás” com eles quando, ocasionalmente e inevitavelmente, nos cruzamos no elevador. Vida fictícia porque sinto que não vivemos, realmente… corremos. Passamos os dias a correr, a desejar que o dia passe rápido, que a 6ª feira, as férias cheguem… Corremos da casa, para o trabalho, do trabalho para as compras, das compras para a televisão ou computador, das obrigações familiares, para “deadlines” profissionais…corremos, corremos, corremos até ficarmos com falta de ar, doenças cardíacas, AVCs, depressões ou esgotamentos, ficamos LOUCOS!
Já estou nas despedidas e já me sinto, assim, com falta deste ar e a asfixiar com esse… Mas fecho os olhos e tomo esta pequena dose imaginária de paz, de medicação (senti)mental que me faz reviver os momentos, desde a saída com os sorrisos dos meus colegas em Santa Maria da Feira até aos sorrisos de despedida aqui…”Volta!”!Esta paz com cheiro de terra e de calor que me trouxe à essência de mim, do que realmente sou… e sou, sem dúvida, com e para os outros. E tudo só teve ainda mais sentido por causa da força e da solidariedade dos outros daí e por tudo o que vivi com estes outros, pequenos e grandes daqui…